Fauna e Flora

A Mata Atlântica é uma formação vegetal que está presente em grande parte da região litorânea brasileira. Ocupa, atualmente, uma extensão de aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados. É uma das mais importantes florestas tropicais do mundo, apresentando uma rica biodiversidade.

A Mata Atlântica encontra-se, infelizmente, em processo de extinção. Isto ocorre desde a chegada dos portugueses ao Brasil (1500), quando iniciou-se a extração do pau-brasil, importante árvore da Mata Atlântica. Atualmente, a especulação imobiliária, o corte ilegal de árvores e a poluição ambiental são os principais fatores responsáveis pela extinção desta mata.

As principais características da Mata Atlântica são: 

- presença de árvores de médio e grande porte, formando uma floresta fechada e densa;
- rica biodiversidade, com presença de diversas espécies animais e vegetais;
- as árvores de grande porte formam um microclima na mata, gerando sombra e umidade
- fauna rica com presença de diversas espécies de mamíferos, anfíbios, aves, insetos, peixes e répteis.
- na região da Serra do Mar, forma-se na Mata Atlântica uma constante neblina.

Fauna

Assim como é no caso da Flora a mata atlântica também tem rica e variada fauna, a qual está diretamente condicionada ao fato das condições favoráveis apresentadas pelo bioma. Apenas e mamíferos a floresta abriga 261 espécies conhecidas, assim como 1020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que estão catalogadas até hoje no bioma. Sem falar de insetos e demais invertebrados e das espécies que ainda não foram descobertas pela ciência. Essa grande riqueza da biodiversidade também é responsável pela descoberta de novas espécies de animais. Recentemente, foram catalogadas a Moenkhausia bonita, rã-de-Alacatrazes e a rã-cachoeira, o peixe Listrura boticári e até um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta.

As principais causas para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca predatórias, a introdução de seres exóticos aos ecossistemas da Mata Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos habitats dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como pela urbanização e implantação mal planejada de obras de infraestrutura.

No caso dos anfíbios, por exemplo, seus locais de procriação, como brejos e áreas alagadas, são muitas vezes considerados um empecilho e são eliminadas do meio ambiente através de práticas de drenagem ou então esses locais são até utilizadas para despejo de esgoto. Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio das populações das espécies que se relacionam nas teias alimentares, pois controlam a população de insetos e outros invertebrados e servem de comida para répteis, aves e mamíferos.

Existe uma relativa precariedade referente à realização de levantamentos de fauna da Mata Atlântica, o que torna sua descrição mais difícil que a da vegetação, mas ela pode ser dividida em dois grandes grupos de animais :
  • Generalistas: pouco exigentes, com altas taxas de reprodução e grande variabilidade de dieta e hábitos alimentares, o que permite que habitem trechos de mata secundária. Ex.: macaco-prego, sabiá-laranjeira.
  • Especialistas: dieta e hábitats muito restritos. São sensíveis à perturbações no meio, e por isso tendem a ser encontradas em trechos de floresta primária. Ex.:jacutinga, muriqui.
A história evolutiva da Mata Atlântica é marcada por momentos de relativo isolamento e outros por contato com outras florestas sul-americanas, como a Amazônia. Como conseqüência, existem elementos "antigos", que habitam a região desde 3 milhões de anos atrás, até outros que vieram de outros biomas há cerca de 10 mil anos. É evidenciado, com as quatro espécies de micos-leões(gênero Leontopithecus), que dentro do próprio bioma houve diferenciação biológica: o mico-leão-de-cara-dourada é típico das florestas do sul da
Ave da Mata Atlântica
Ave típica da Mata Atlântica (Tucano-de-bico-preto)
Bahia e norte do Espírito Santo, o mico-leão-dourado do Rio de Janeiro, o mico-leão-preto da floresta semidecidual do interior do estado de São Paulo e o mico-leão-de-cara-preta é da costa do Paraná. O surgimento de espécies com esse padrão de distribuição restrita derivam da formação de rios e mudanças paleoecológicas globais e regionais causadas por movimentos de placas tectônicas. Outros grupos, como o gênero Sapajus (o popular macaco-prego), devem ter evoluído primeiramente na Mata Atlântica e depois ido para outros biomas como o Cerrado e Floresta Amazônica.

Visto os fatores citados anteriormente, a fauna da Mata Atlântica é extremamente diversa: no caso dos vertebrados, são 261 espécies mamíferos, 1020 espécies de aves, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma.

Ainda existe muito a ser descoberto referente a fauna, tanto que, recentemente, foram catalogadas a rã-de-alcatráses e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-de-cara-preta.

Exemplos de espécies animais da Mata Atlântica:

- Mico-leão-dourado (risco de extinção)
- Bugio  (risco de extinção)
- Tamanduá bandeira  (risco de extinção)
- Tatu-canastra (risco de extinção)
- Arara-azul-pequena (risco de extinção)
- Muriqui
- Anta
- Onça Pintada (risco de extinção)
- Jaguatirica 
- Capivara
Rã-bugio
Mico-leão-da-cara-preta
- Pacu
- Tucano
- Jacaré-de-papo-amarelo
- Rã-de-vidro

Flora


A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em biodiversidade de plantas no Planeta, sendo constatada mais de 450 espécies no Sul da Bahia, perto de Una.29 Entretanto, tal diversidade e grau de endemismo varia, já que ela não se constitui em uma formação vegetal homogênea, com variações na riqueza de espécies devido a fatores como latitude, altitude, precipitação e solo.30 Alguns grupos de plantas como a tribo Olyreae (Poaceae), possuem uma grande porcentagem de espécies no bioma da Mata Atlântica.

A imensa variedade biológica pode ser explicada através de que em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, assim como características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo um elemento comum, a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Este fator abre caminho para o trânsito de animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas se encontram e se transformam. Portanto a Mata Atlântica apresenta estruturas e composições florísticas tão diferenciadas exatamente por esta questão. É uma das florestas mais ricas em biodiversidade no Planeta, a mesma detém o recorde de plantas lenhosas (angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários outros grupos de plantas. Para se ter uma ideia do que isso representa e como é importante, em toda a América do Norte são estimadas 17.000 espécies existentes, na Europa cerca de 12.500 e, na África, entre 40.000 e 45.000.

Na atualidade Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e destruição, a qual começou com a exploração do pau-brasil no século XVI com a chegada dos exploradores portugueses. Ainda hoje, ao longo do bioma são exploradas muitas espécies florestais madeireiras e não madeireiras como o caju, o palmito-juçara, a erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais, a piaçava, os cipós, entre outras. Por um lado essa atividade participa e tem certa importância na economia do país, porém grande parte da exploração da flora atlântica se realiza de forma predatória e ilegal, associada muitas vezes ao tráfico internacional de espécies.

Contribuem ainda para o alto grau de destruição da Mata Atlântica, que está reduzida a 8% de sua configuração original, a expansão agropecuária, a industrial, , do turismo e da urbanização de modo não sustentável, já que esta se concentra na região mais desenvolvida do país ocasionando a supressão da biodiversidade em grandes áreas, com a possível perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela ciência, influindo na quantidade e qualidade da água de rios e mananciais, diminuindo a fertilidade do solo, bem como afetando características do microclima nesses delicados ecossistemas e contribuindo com o problema do aquecimento global. Esses números impressionantes da destruição no bioma apontam a deficiência das políticas de conservação ambiental vigentes no Brasil, assim como a precariedade do sistema de fiscalização por parte dos órgãos públicos.

Fitofisionomias do bioma da Mata Atlântica

Definidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992:

  • Floresta Ombrófila Densa
  • Floresta Ombrófila Aberta
  • Floresta Ombrófila Mista
  • Floresta Estacional Decidual
  • Floresta Estacional Semidecidual
  • Mangues
  • Restingas
  • Campos de altitude

Tal variedade de fitofisionomias se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. A distância a corpos d'água também tem fator preponderante, tal como a probabilidade da vegetação ser inundada em determinadas épocas do ano ou permanentemente (como por exemplo, se observa em ecossistemas de várzeas, outrora abundantes na bacia do rio Paraná). O solo também tem papel importante, seja na disponibilidade de nutrientes, seja na sua capacidade de reter água. Esses fatores possibilitam, inclusive, a subdivisão e surgimento de ecossistemas típicos dentro desses grandes grupos de fitofisionomias.

Floresta ombrófila densa

Mata Atlântica
Exemplo de floresta ombrófila densa

É a formação vegetal que ocorre no litoral, nas escarpas da cordilheira atlântica ou em áreas próximas ao oceano, sob influência das massas de ar úmida, o que confere alta pluviosidade durante o ano todo. É a formação vegetal que possui maior grau de endemismo de espécies vegetais, como evidenciado em estudos nos Sul da Bahia e norte do Espírito Santo. É interessante salientar, que no litoral de São Paulo, não se constatou um elevado grau de riqueza nas espécies de plantas, apesar de se constituir em um centro de endemismo: os autores sugerem que a importância dessa floresta se relaciona mais ao número de espécies únicas e não a um número elevado de espécies. Nas regiões sudeste e sul, essa formação possui variação decorrentes da altitude, constituindo formações de terras baixas (até 50m), submontana (entre 50 e 500m), montana (500 e 1000m) e altamontana (entre 1000 e 1200m). Na encosta (que faz parte das "terras baixas"), as árvores tendem a ser mais robustas e altas, ao passo que com o aumento da altitude, elas tendem a ficar mais delgadas e baixas, e isso também ocorre quanto mais próximo do oceano . As árvores da encosta, graças à abundância de matéria orgânica, podem chegar a ter mais de 40m de altura. No nordeste, a formação predominante é a de terras baixas.


Floresta ombrófila aberta


Mata Atlântica
Exemplo de floresta ombrófila aberta

Sendo considerada uma vegetação de transição com a Floresta Amazônica, ela está basicamente restrita à região Nordeste. Pode ser incluída nessa fitofisionomia, a Mata dos Cocais no Maranhão, ocorrendo também ponto isolados das "florestas de babaçu" no Espírito Santo e Pernambuco. É considerada em algumas localidades, como uma formação de floresta secundária. Tal vegetação é encontrada nos brejos de altitude, no Sertão Nordestino, em altitudes superiores a 600m, onde a precipitação é maior que 850mm anuais. O Planalto da Borborema é um dos ambientes mais característicos desse tipo de vegetação, que possui espécies que ocorrem amplamente pela América do Sul. Os brejos de altitude constituem um tipo de floresta ombrófila submontana.

Floresta ombrófila mista

Mata Atlântica
Exemplo de floresta ombrófila mista
Tendo sua maior parte de ocorrência no planalto meridional, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ela eventualmente pode ocorrer nas escarpas da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira. As espécies que caracterizam essa formação pertencem, principalmente, aos gêneros Araucaria e Drymis (Australasiáticos) Podocarpus(Afro-asiático), sugerindo uma ocupação recente, a partir dos refúgios alto-montanos. A Araucaria angustifolia apresenta um caráter dominante na estrutura dessa formação vegetal, constituindo o dossel da floresta, com inúmeros indivíduos emergentes, podendo representar até 40% das espécies encontradas em determinada área. Estudos feitos em Nova Prata, apontam que existe um padrão de distribuição típico, em que as maiores populações de plantas formam "agregados", o que acaba conferindo uma relativa homogeneidade da floresta, comum em formações vegetais de Gimnospermas. Devido ao alto grau de desmatamento que sofreu essa fitofisionomia, é difícil encontrar áreas em que se apresentam grandes aglomerações da Araucaria, visto que elas são geralmente encontradas na floresta madura ou em graus avançados de regeneração.

Floresta estacional semidecidual

Mata Atlântica
Exemplo de floresta estacional semidecidual
É uma formação caracterizada por ocorrer em regiões em que existe uma sazonalidade no regime de chuvas, o que acaba conferindo a perda de 20% a 50% das folhas na estação mais seca. É a formação que ocorre em grande parte do interior do Brasil, ocupando principalmente a bacia do rio Paraná, se estendendo até o leste do Paraguai e a província argentina de Misiones. Por ter uma área de ocorrência muito ampla, ela também fica sujeita a inúmeras variações, principalmente com relação a altitude: no estado de São Paulo, observou-se que as florestas que ocorrem em locais mais altos tendem a ser mais homogêneas que as que ocorrem em locais mais baixos do oeste e centro do estado. Dados referentes a unidades de conservação dessa fitofisionomia, mostram que apesar de seu alto grau de alteração pelo homem, no interior do Brasil, ela ainda apresenta uma diversidade considerável de árvores.

Manguezais

Mata Atlântica
Exemplo de manguezal
Considerada como vegetação pioneira, visto ocorrerem em solos instáveis do litoral, ocupando solos rejuvenescidos pela constante deposição de areias marinhas e fluviais: os manguezais habitam ambientes salobros e possuem espécies adaptadas a esse ambientes como a Rhizophora mangle. Manguezais também não são formações homogêneas, com suas fisionomias variando ao longo da costa. O tipo de solo, precipitação e insolação ao longo do ano, podem definir tipos de manguezais específicos de cada parte do litoral: Rhizophora mangle tende a ser mais abundante nos manguezais de Pernambuco do que aqueles encontrados na baía de Paranaguá, no Paraná. Os manguezais são particularmente importantes do ponto de vista econômico para comunidades caiçaras, visto serem ambientes em que muitas espécies de peixes e crustáceos se reproduzem.

Restingas

Mata Atlântica
Exemplo de restinga
Trata-se de um tipo de vegetação que recebe influência direta das águas marinhas, e com gênero de plantas típicas das praias: a influência direta das marés, a salinidade do solo, a estabilidade da areia e o microclima definem as fisionomias vegetais que compõe a restinga. É uma vegetação que se segue imediatamente à zona praiana, e com estudos realizados em Pernambuco, foi dividida em 2 tipos: a floresta de restinga, e os campos de restinga, ou restinga propriamente dita. As árvores das matas de restinga possuem copa larga e irregular, não muito elevadas e a restinga propriamente dita é formada por uma vegetação arbustiva, de densidade variável. A vegetação dos campos é muito pobre em espécies, com a dominância ecológica de algumas delas altamente adaptadas: fato que se deve às condições extremas de salinidade e instabilidade da areia. A mata de restinga surge com a distância crescente do mar, já que a severidade ambiental diminui, conferindo, por exemplo, maior proteção ao solo e ao sub-bosque contra os ventos alíseos, e há uma maior deposição de matéria orgânica e retenção de água no solo.

Campos de altitude

Mata Atlântica
Exemplo de campo de altitude
É uma vegetação típica de ambientes montano e alto-montano encontrada principalmente nas regiões serranas do sudeste: ocorrem em cadeias elevadas da Serra do Espinhaço, Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. As variações de altitude definem tipos de campos de altitude específicos: o montano corresponde às faixas de altitude entre 600 a 2.000m nas latitudes entre 5º N e 16º S; de 500 a 1.500m nas latitudes entre 16º S e 24º S; e de 400 a 1.000m nas latitudes acima de 24º S. O altomontano ocorre nas altitudes acima dos limites máximos considerados para o ambiente montano. Trata-se de uma fitofisionomia da Mata Atlântica ainda muito pouco conhecida do ponto de vista da biodiversidade, mas levantamentos florísticos em Minas Gerais mostraram uma alta diversidade de plantas vasculares. Tipo de solo, tal como a inclinação do relevo, determinam as espécies predominantes, como mostrado em estudos fitossociológicos em campos rupestres de Minas Gerais: Vellozia compacta é predominante em platôs ferruginosos, ao passo que Echinolaena inflexa predomina em platôs sobre quartzito. De fato, a vegetação varia desde áreas abertas cobertas por gramíneas, até áreas mais densas com vegetação arbustiva, possuindo ou não afloramentos rochosos.

Exemplos de vegetação da Mata Atlântica:

- Palmeiras
- Bromélias, begônias, orquídeas, cipós, jequitibá e briófitas
- Pau-brasil, jacarandá, peroba, jequitibá-rosa, cedro
- Tapiriria
- Andira
- Ananas
- Figueiras